quinta-feira, 26 de abril de 2012

Falando de inclusão social: Closed Caption



Como funcionam as legendas automáticas nas TVs?

 

O nome é Closed Caption ou CC – em tradução livre "legenda oculta", são textos que reproduzem na tela da TV o que os apresentadores dos programas ou personagens das novelas estão falando. É um recurso criado especialmente para ajudar os deficientes auditivos a interagir com os programas de TV, assim como nós ouvintes.

O CC não é igual à legenda dos filmes. Ele também indica em palavras os outros sons do vídeo, como "chuva" ou "passos". Nos programas gravados, o CC que os espectadores vêem na tela é o mesmo texto que aparece no teleprompter (aparelho acoplado à câmera do estúdio que mostra o que o apresentador deve ler).

No Brasil, as “legendas ocultas” surgiram a partir de 1997, com o Jornal Nacional, da Rede Globo, que passou a usar o recurso. Porém, ainda não é uma ferramenta obrigatória. Em 2000, o senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE) propôs um projeto de lei para obrigar emissoras de TV a incluírem as legendas ocultas na programação. O projeto seguiu para a Câmara dos Deputados, foi incluído em outras propostas de acessibilidade e, desde então, continua em tramitação junto ao PL 2.462, do deputado Ricardo Izar (PSD). Esse último projeto pede um cronograma de adoção de percentuais mínimos de programas com closed caption.

Entenda um pouco mais de como funciona o Closed Caption

Como são em maioria para as pessoas com deficiência auditiva, todas as informações que surgem na tela deverão ser traduzidas em palavras escritas, sejam falas, ruídos ou sons de plano de fundo.

Em programas ao vivo, existem dois métodos principais para produzir o Closed Caption: o mais comum, utilizado nos Estados Unidos, é a estenotipia – nesse processo um profissional especializado (o estenotipista) registra tudo que é dito no programa em um teclado especial, cujos botões são baseados em fonemas em vez de letras. Desta forma, a capacidade de tradução é de 200 palavras por minuto.

Já o utilizado no Brasil, que tem como precursor a Rede Globo, tem como método o reconhecimento de voz – um operador repete tudo o que os apresentadores falam, o computador converte a voz da pessoa em texto e o resultado desse "ditado" vai para a tela. A única dificuldade é que o grau de precisão desse sistema é um pouco menor. Às vezes, o computador pode confundir alguns fonemas, como "lhe" e "lie".

 

Nos programas gravados a técnica mais utilizada é a maquina, onde o roteiro de um jornal ou episódio de uma novela é usado para guiar o trabalho de quem faz a legenda. Quem legenda ouve o que é falado na cena e repete as frases devagar ao computador com software de reconhecimento de voz. Dessa forma, o profissional insere as marcações de som (bater de palmas, risos, música de fundo). Cada hora de vídeo vira de 3 a 5 horas de trabalho para fazer o closed caption. Também há revisão das legendas antes da digitalização, o que deixa as execuções gravadas com menos erros.

Algumas dúvidas comuns

Como a legenda vai parar na televisão?

 

A imagem que vemos na televisão é composta por um grande número de linhas verticais e horizontais (um aparelho de alta definição, por exemplo, apresenta 1080 linhas). Na chamada “linha 21” é feita uma espécie de interrupção do sinal para a próxima linha (o termo técnico é “intervalo de apagamento vertical"), onde são inseridos os dados das legendas, que não aparecem de imediato na imagem, daí o nome “legenda oculta”. A informação fica contida no sinal enviado à TV até sua casa, basta acionar o botão do controle remoto (também existem aparelhos decodificadores de closed caption, menos comuns) para visualizá-las. A idéia de criar as legendas ocultas surgiu há cerca de trinta anos, nos Estados Unidos.

As legendas servem apenas para deficientes auditivos?

 

Não, além das pessoas que possuem algum tipo de deficiência auditiva (no Brasil, eles são 9,8 milhões, segundo dados do IBGE-2010), as legendas ocultas também ajudam idosos, que sofrem a perda natural da capacidade auditiva com o avançar da idade; crianças em alfabetização; analfabetos em processo de aprendizado da língua. Além dessas pessoas, já é comum encontrar televisores em locais públicos e barulhentos com o recurso ligado, como bares, restaurantes, salas de espera etc.
Mesmo não sendo uma ferramenta obrigatória no País, o Closed Caption ou CC, como é mais chamado, pode ajudar muito aqueles que também buscam de informação e entretenimento como nós, independente da dificuldade. Afinal, vivemos numa sociedade crescente, o que consequentemente a torna cada vez mais interada e disposta em oferecer oportunidades de acesso a bens e serviços entre todos.
Jéssica Oliveira
              www.mundoestranho.com

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